O Ninho.
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Se você já leu outros desses textos, sabe que minha vida é faseada entre viver por aí e voltar ao "ninho". Saio, passeio, viajo, fico com saudades do ninho, e volto. E aí saio de novo, nesse ciclo que com certeza não é eterno.
O ninho, como era de se esperar, já não é mais o mesmo. Só alguns restos de galhos velhos se mantem numa estrutura meramente similar. O suficiente para acalentar o coração por alguns minutinhos. E continuo a voltar sempre com esperanças de encontrar meu lar quentinho, a segurança do meu ser, do meu existir. Do pertencer com certeza.
Depois de um grande suspiro, percebo que já não caibo mais, o ninho ficou pequeno. Já não dá conta de aquecer o coração inteiro, pertencer ali já não é mais suficiente razão para mim como pássaro crescido. Afinal, hoje eu entendo que o ninho não é eterno. E que eu preciso ou aprender a criar o meu próprio ninho. Preciso ser pássaro sozinho, pássaro crescido.
Mas afinal, se o pássaro é livre, ele também poderia ser ninho-free?
Ou a liberdade é só um conceito muito vago que alguém achou bonito atribuir a um simples pássaro?
Ou, então, apenas uma peça do ecossistema, onde indagar não é permitido?
Só sei que as vezes, bate uma vontade desesperadora de voltar correndo para aquele mesmo lugar, que hoje não passa de uma verosimilhança. E o desespero só cresce.
De novo, entrego um texto com mais perguntas do que respostas, e espero não o desapontar por isso, meu caro leitor.