Eu cansei de ser nômade digital?

Se você ainda não me conhece, Louise, prazer. Trabalho como freelancer full-time desde meados de Junho de 2017. Contudo, em Abril de 2019, continuo o sendo, mas me “aposentei” de ser nômade digital.

E por que raios eu faria isso, se este era exatamente o sonho? Aquilo que toda a nova geração elegeu como meta de vida? Viajar enquanto trabalha!

Realmente é maravilhoso, tive a sorte de conhecer muitos países e muitas pessoas. Mas um outro sonho meu começou a ficar para trás.

Sonho vs. Sonho: Não dá para viver múltiplas vidas

Comecei a desejar muito ter um local para chamar de meu por mais tempo, onde faça sentido comprar aquele quadrinho que tanto gostei. Fazia tempo que eu não tinha uma parede para chamar de minha.

O sonho de ter um bar favorito. Aquele que sempre quando eu vou, encontro amigos que por acaso também têm o mesmo bar favorito.

O sonho de ir correndo para casa da amiga choramingar, quando o date não deu certo.

O sonho de ir almoçar na casa da mãe aos domingos.

Coisas simples, banais, maravilhosas. Que eu tinha aberto mão, sem nem perceber, em nome de outro sonho. E sinceramente essa luta entre qual sonho é melhor ainda não saiu da minha cabeça. E quando menos se espera, um deles levanta e dá um soco de direita no outro que estava ganhando.

Mudar é maravilhoso, mas cansa

Apesar de ter conhecido muita, muita, muita gente mesmo incrível, eventualmente eu sempre tinha que me despedir. E num ciclo sem fim me via hora com amigos, horas sem. Precisava novamente conhecer pessoas e recomeçar o ciclo. Isso é um tanto cansativo depois de dois anos.

É verdade que toda vez que chegava num país novo, eu ficava eufórica, é um sentimento estranho. Mas toda vez que tinha que sair, ficava abalada e triste. Estou sempre com saudades dos países que passei, das pessoas que conheci.

Amadurecer… então?

Quero continuar viajando enquanto trabalho. E vou. Mas eu quero ter para onde voltar. Quero ter minha casa, e começar a comprar vôos de ida e volta. Fazia tanto tempo que vivia só de bilhetes de ida.

Quero chegar em casa, e ver meu quadro pendurado na parede. Com a almofada rosa e amarela que escolhi. Quero ter um cão. Quero estar perto da minha família. Quero, quem sabe, construir a minha família a minha maneira. Sem abrir mão de viajar, mas viajar com moderação.

Afinal, não é a tal da “moderação” que deveria ser a chave da vida saudável? E por que a esquecemos toda hora?