Até quando deus é necessário para que nem tudo seja permitido?

Louise Tamiazzo
3 min readOct 13, 2019

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Filosofia é um negócio muito louco.

E não me entenda mal, estou longe de ser especialista no assunto, apenas uma ocasional visitante. E é impressionante o choque que breves pensamentos causam.

A máxima do Dostoiévski “Se Deus não existe tudo é permitido” é uma frase com pouquíssimas letras. Mas pode render infinitas horas de conversa. E eu pelo menos só cheguei nessa conclusão final: Humanos são seres incrivelmente estranhos.

Os budistas provavelmente diriam que não há porque pensar tão a frente. Entenda primeiro a você mesmo. Eu sei lá. Já que não sou budista, nem filósofa.

Mas o fato é: existem infinitos empregos da palavra “se” (por exemplo, e se deus não existisse?) Então perceberíamos que não há porque nos contermos e logo faríamos o que desse na telha? Ok. Então vivemos em sociedade “bem” puramente pelo medo da punição e não porque somos capazes de verdade?

Mas se não há deus, pelo menos há a polícia, as leis, a moral, e a vergonha na cara. Todas coisas altamente humanas, então mutáveis e passíveis de falhas.

E como morais mudam, se hoje é horrível pensar por exemplo em um pai se casando — e se envolvendo romanticamente — com uma filha, se ambos desejarem, talvez no futuro seja possível e pior, plausível. Isso me causa asco e horror. Mas quem sabe seja só fruto da minha moral. E quem sabe até o dia que isto realmente seja plausível, eu já também não seja mais a mesma.

E quem sou eu afinal para dizer o errado e o certo, não é? Desde que ninguém saia ferido, e todos ajam dentro da sua liberdade de escolha, então está tudo bem. Não tem por quê eu ficar horrorisada. Mas fico.

Até então “deus” ou nosso entendimento de deus também tem sido muito mutável. Novo e velho testamento, por exemplo. A história que é recontada se adapta a novos momentos históricos. Então a crença em deus também não é a salvação (tanto é que já causou inúmeras discórdias).

Entendo quem tem a necessidade de acreditar em algo. Quem só “vai para frente” se acreditar em algo maior, ou quem só não vá para frente até demais por acreditar que existe punição divina — ou qualquer outro tipo de punição— .

Eu gosto de acreditar que eu, dentro da minha bolha e da minha personalidade, não preciso de religião ou de leis para ser sociavelmente rentável, ou seja, que colabore para o funcionamento da mesma e co-existência entre vidas. Mas tenho boa parcela de certeza que nunca recomendaria a falta delas. Afinal, com ambas o mundo já é o caos que é.

Então, será que algum dia, dentro da nossa mísera evolução, poderíamos todos viver sem? Sem deus, sei leis, sem morais, nus de nós mesmos. O que vejo hoje é mais alternação entre essas opções. Cada povo tem uma forma de se limitar.

Não sei. Mas também não sou filósofa, muito menos deus, para saber. Só continuarei vivendo na angústia de pensamentos passageiros, e ainda tomando minha cervejinha e rindo da vida no final do expediente.

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Louise Tamiazzo
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Written by Louise Tamiazzo

Creative Designer, Brand Strategist, Digital Gypsy, Backpacker, Dancer Wannabe, Playful Writer and Secret Agent. Nice to meet you! http://louisetamiazzo.com

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